Título Original: A Batalha do Apocalipse
Gênero: Literatura Fantástica
Autor: Eduardo Spohr
Ano: 2010
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 588
Nota pessoal: 3
Gênero: Literatura Fantástica
Autor: Eduardo Spohr
Ano: 2010
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 588
Nota pessoal: 3
A
Batalha do Apocalipse do brasileiro Eduardo Spohr é um daqueles livros do qual todo mundo já ouviu
falar. Depois do sucesso alcançado de
forma independente, a obra despertou a atenção da Editora Verus, que obteve seus direitos de publicação. O livro não
é de todo ruim, mas me decepcionou em muitos pontos, saiba abaixo por que.
Antes da criação do
universo, havia apenas o vazio infindável, e nele reinavam duas divindades:
Yahweh, a Lei e Tehom, o Caos. Yahweh, desejoso em dar início a sua obra,
precisou enfrentar Tehom, opositora de qualquer bem. Visando derrotar a
sinistra Deusa das trevas e seu séquito de seguidores, o Iluminado concebe os
poderosos Arcanjos. Juntos, eles guerreiam contra as forças do caos, e após
subjugá-las, Yahweh as aprisiona em uma dimensão paralela. Essa foi a primeira
grande guerra, conhecida como As Batalhas Primevas.
Único e Pleno, livre
das malditas entidades, Yahweh finalmente encontrara a paz necessária para dar
inicio a sua obra. Assim, criou Deus o tempo e a matéria. Em seguida surgiram
os anjos, e com eles a luz. Depois vieram as estrelas e as galáxias, o sol e
por fim a Terra. Na terra surgiram as primeiras formas de vida, e milhões de
anos depois, os primeiros hominídeos, criação da qual o Altíssimo mais se
orgulhava.
Concluída o trabalho da
criação, Yahweh parte em repouso, deixando o comando dos Céus e da Terra nas
mãos dos poderosos arcanjos. Contudo, o primogênito dentre eles, Miguel,
Príncipe dos Anjos, nunca se conformara com a predileção do criador para com os
humanos, em sua concepção, criaturas mortais, corrompíveis e feitas do barro. Orgulhoso,
o arcanjo envia sobre a Terra diversas calamidades.
Descontentes com o
governo do tirano Miguel, uma facção de anjos, simpáticos a causa humana, começam
a conjurar uma revolução. Mas, ao confiar em Lúcifer, A Estrela do Alvorecer,
os revolucionários tiveram seus planos revelados. Impotentes contra o poder dos
poderosos Arcanjos, eles foram derrotados, expulsos do Céu e exiladas na Terra,
condenados a vagar até o final dos tempos.
A traição trouxe
prestigio a Lúcifer. Ambicioso e gozando da confiança dos demais Arcanjos, seus
reais planos começam a tomar forma. O Arcanjo Sombrio desejava não só o posto
de Miguel, mas também ascender acima do próprio Criador. Desacreditados com a
política celeste e iludidos com o carisma de Lúcifer, muitos anjos tomaram seu
partido.
Contudo, mais uma vez o
principado de Miguel permanece. Lúcifer, derrotado, é atirado junto a um terço
dos anjos do céu no abismo colossal que antes servira de túmulo a Tehom e seu
séquito, o Sheol, conhecido na terra como Inferno. Lá, ele aguarda pelo Fim dos
Tempos, onde a derradeira batalha acontecerá.
Até que chega o dia do
Ajuste de Contas. Os cavaleiros do Apocalipse passeiam pela Terra, os selos que
anunciam os últimos dias são violados e as trombetas finais começam a soar. A
humanidade caminha para o fim, o tecido de realidade, que separa Terra e Céu
começa a ruir. Enfim, todos se encontrarão uma ultima vez, seja por poder,
ódio, amor ou vingança.
* * *
Tenho esse livro na
estante já há algum tempo, e embora volta e meia ouvisse algo positivo a seu
respeito, a obra nunca teve sobre mim um grande apelo. Mas eis que começo a ler
e descubro que não é tudo aquilo do qual sempre falaram. Que bom, como não
tinha grandes expectativas, não me decepcionei tanto.
O foco principal do
livro é a trajetória de Ablon. Anjo pertencente a casta guerreira dos
querubins, e antes Primeiro General das tropas celestiais, o personagens tem
traços de caráter marcantes. É fiel aos amigos, solitário e um lutador que
aprendeu com os longos anos de exílio. Eu tentei, mas não consegui amar o
personagem por completo. Apesar de tudo, achei que Ablon sempre saia muito
fácil das situações criadas pelo autor. E tem aquela coisa do protagonista
fodão que é sempre salvo ou consegue virar o jogo no momento mais crítico? Bem,
cansei disso.
A narrativa também
deixou a desejar. Spohr alterna os estilos e conta sua história sobre a
perspectiva de diferentes personagens. O livro alterna entre passado e presente.
Essa foi uma das partes que mais detestei. Quando estava ansioso por um
acontecimento, o autor interrompia a narrativa e voltava para o passado. E lá
se foram passagens por Babel, Roma, Constantinopla, Israel, Babilônia entre
outras.
Voltando aos
personagens, notei que o autor os descrevem a cada vez que aparecem em cena,
contudo, a descrição é quase sempre nos mesmos termos, dando uma ideia de
repetição. Os diálogos são rasos, alguns, chegam a ser cômicos ou careta, ao
tentar evocar reflexões.
Contudo, o que mais me
decepcionou foram as incongruências do enredo. E olha que encontrei muitas. Só
para citar uma, lembro de um momento em que o protagonista diz que percorreu
toda uma cidade sem vê-la, tamanho era seu estado de debilidade, mas nesse
ponto da narrativa, o autor usa a primeira pessoa e descreve um personagem nos
pormenores, sobre o ponto de vista do personagem, que por sinal estava
praticamente cego! Isso me deu uma sensação de irrealidade, e olha que foi
apenas um dos casos. Tudo bem, a obra é de ficção, mas para comprar a história
preciso que o autor a sustente, nos seus mínimos detalhes, e nisso Eduardo
Spohr pecou.
E para não dizer que
não gostei de nada, destaco a necromante Shamira, também conhecida com
Feiticeira de En-Dor. Gostei bastante da personagem. Apaixonada e de forte
personalidade, ela não media esforços para ajudar o Anjo Renegado. Destaco um
ritual onde ela invoca duas entidades afim de conseguir a energia necessária
para confecção de um feitiço. Muito bem narrado. Me apeguei também a Flor do
Leste, a chinesinha vitima da maldade dos homens. Forte e leal, a personagem
conseguiu me encantar. Dos demais, no entanto, tenho pouco ou nada a dizer.
Enfim, acredito que A
Batalha do Apocalipse é um livro sustentado principalmente pela publicidade
construída ao seu redor. Nesse quesito, ponto para o autor. Infelizmente,
publicidade não é tudo. Gostei de algumas passagens, simpatizei com duas
personagens, mas desgostei de tudo o mais. Simplesmente os furos no enredo me
impediram de comprar e viajar na narrativa. Recomendaria apenas a leitores
principiantes, pouco habituados ao hábito da leitura, mas acredito que até
esses terão dificuldades ao se depararem com as enfadonhas viagens ao passado.
Ei Jefferson,
ResponderExcluirSério? Nossa eu amei, eu gosto muito de história e não me importei com os flashes do passado. E gostei do Ablon, não ligo muito para isso do protagonista herói ser o "fodão" não, já estou acostumada.
Quanto as falhas no enredo vou te confessar que não reparei, até concordo agora lendo isso que vc falou dele quase cego e tal.
E eu não acho que o leitor iniciante irá gostar mais, o livro é bem denso.
abs
Oi Nanda,
ExcluirPois é, me senti até meio estranho durante a leitura, tipo, todo mundo ama esse livro e por mais que me esforçasse não consegui gostar, mas é como eu falei lá na resenha, o que pegou mesmo foram os furos no enredo. E quanto a narrativa em si, acho os flashes lentos e cansativos.Enfim, paciência, vamos ao próximo que a fila é longa... rsrsrsrs
Abraços!!!